"Os Verdes" propõem suspensão de milho transgénico na Europa

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Ratos com tumores do tamanho de bolas de ténis de mesa: cientistas desconfiam AFP/CRIIGEN

O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) quer que seja suspensa a comercialização, na Europa, de um milho transgénico que um estudo polémico diz causar cancros e outros problemas graves de saúde.

O milho em causa – o NK603, da multinacional Monsanto – foi geneticamente modificado para resistir ao insecticida Roundup, fabricado pela mesma empresa.

Há cerca de um mês, um estudo publicado na revista Food and Chemical Toxicology constatou uma maior frequência de tumores mamários e doenças graves no fígado e nos rins entre ratos de laboratório alimentados com aquela variedade de milho. O estudo era acompanhado de fotos dos animais, com tumores, do tamanho de bolas de ténis de mesa visíveis sob a pele.

Numa proposta de resolução entregue na Assembleia da República, o PEV considera “absolutamente assustadoras” as conclusões do estudo. “Tendo em conta a gravidade das conclusões do estudo que foi tornado público, não é possível que fiquemos indiferentes e inactivos perante o risco que se pode estar a correr”, diz o texto da resolução, que será discutido na próxima quinta-feira no Parlamento.

O milho NK603 não é cultivado na Europa, mas é importado e utilizado na alimentação animal e humana. O PEV quer que o Governo tome medidas para que “se suspenda a autorização de comercialização" daquele milho. O partido sugere também uma moratória a novas autorizações de transgénicos, enquanto não houver estudos de longo prazo conclusivos sobre a sua segurança.

O estudo citado pelo PEV é tudo menos consensual. Liderado pelo investigador francês Eric Séralini, da Universidade de Caen, o trabalho tem sido fortemente criticado pela comunidade científica.

Na última sexta-feira, dia 19, seis academias científicas francesas – de Agricultura, Medicina, Farmácia, Ciências, Tecnologia e Veterinária – divulgaram uma posição comum dizendo que o trabalho de Séralini “não permite nenhuma conclusão fiável”. O estudo, dizem as academias francesas, foi mal concebido, usou métodos estatísticos errados, utilizou animais naturalmente susceptíveis a tumores a longo prazo e não traz dados essenciais para justificar a interpretação dos seus resultados.

A Agência Europeia para a Segurança Alimentar, que está a avaliar o estudo de Séralini, já tentou por duas vezes, mas sem sucesso, obter junto do investigador os dados completos do seu trabalho. Cerca de 700 cientistas, de 40 países, assinaram uma petição pedindo o mesmo a Séralini.

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