Sem nuclear, Governo pede a japoneses para pouparem electricidade

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As empresas adoptaram formas de poupar electricidade, como as lâmpadas LED Toru Hanai/Reuters

Com todos os 50 reactores nucleares parados, o Governo japonês decidiu nesta sexta-feira pedir a cidadãos e empresas para pouparem entre 5 e 15% de electricidade no Verão e assim evitar apagões.

A decisão governamental diz respeito ao período entre 2 de Julho e 7 de Setembro. As maiores poupanças, pelo menos 15% em relação aos consumos do Verão de 2010, são pedidas na região abastecida pela companhia de electricidade Kansai, no Oeste do Japão e onde se situam as cidades de Osaka e Quioto.

Das nove companhias eléctricas regionais que abastecem o Japão, Kansai é uma das mais dependentes da energia nuclear, uma fatia do bolo energético que, em 2010, ultrapassou os 40%, segundo o jornal Wall Street Journal.

A região abastecida pela companhia Kyushu é desafiada a reduzir 10% dos seus consumos e os clientes das companhias Chubu, Chugoku e Hokuriku pouparão 5%. A electricidade que pouparem será distribuída para Kansai e Kyushu, segundo a estação NHK.

O Verão é uma das épocas do ano com maiores picos de consumo de electricidade. No ano passado, as companhias de energia impuseram apagões controlados e apelaram à poupança junto dos cidadãos e empresas. A 1 de Maio deste ano, foi relançada a iniciativa Cool Biz, que permite aos funcionários em escritórios do Governo trabalharem sem gravatas e arregaçar as mangas, para enfrentar o calor sem ares condicionados. As empresas adoptaram formas de poupar electricidade, como as lâmpadas LED.

Ainda assim, o problema da eventual falta de electricidade poderá ser aliviado se voltarem a funcionar os dois reactores da central nuclear Ohi, parados desde 5 de Maio para manutenção. O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, disse nesta quinta-feira que, em breve, vai tomar uma decisão sobre aqueles dois reactores e os municípios mais próximos da central estão já a debater uma proposta do Governo para aceitarem a retoma da actividade daquele complexo nuclear.

O Governo japonês já avisou a companhia Kansai e outras três empresas eléctricas regionais que se devem preparar para apagões programados, durante o Verão, no caso de cortes de electricidade. Estes deverão ocorrer uma vez por dia e durante duas horas.

Mas Tóquio recusou implementar poupanças de electricidade obrigatórias para não prejudicar a actividade económica do país, justificou nesta sexta-feira o ministro da Economia, Motohisa Furukawa, em conferência de imprensa.

Antes do acidente de Fukushima, causado por um tsunami a 11 de Março de 2011, a energia nuclear satisfazia entre 25 e 30% das necessidades eléctricas do Japão. Desde a catástrofe, um por um, os reactores do país foram encerrados. Quatro dos seis que compunham a central de Fukushima encerraram definitivamente depois do acidente. Dos restantes, uma parte está parada para manutenção ou testes de segurança e outra, apesar de já concluídas estas operações, aguardam autorização local para reiniciarem a produção.

Com todos os 50 reactores parados, as companhias de electricidade já instalaram novos sistemas de produção de energia, como painéis solares e reactivaram antigas centrais térmicas, o que obriga a importações de combustíveis fósseis.

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