Decisão do Governo japonês de reactivar dois reactores recebeu chuva de críticas

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Imagem da central de Fukushima a 12 de Novembro de 2011 David Guttenfelder/Reuters

O Governo japonês decidiu que é seguro reactivar dois reactores nucleares na província de Fukui, uma avaliação feita tendo em conta a catástrofe de Fukushima. A decisão foi recebida com uma chuva de críticas e a população ainda não está convencida.

“Vamos fazer tudo o que pudermos para conseguir convencer os cidadãos”, disse nesta sexta-feira o ministro da Indústria, Yukio Edano, em conferência de imprensa. Esta sua intervenção surgiu pouco depois da decisão do Governo de Yoshihiko Noda de aprovar a reactivação das unidades 3 e 4 da central de Oi, na província de Fukui. Este complexo nuclear é explorado pela companhia Kansai Electric Power que, de momento, tem todos os reactores parados e teme, por isso, cortes de electricidade neste Verão, na altura de picos de consumo.

Os reactores 3 e 4 da central Oi foram parados, respectivamente, em Março e Julho de 2011 para inspecções de rotina, obrigatórias a cada 13 meses. No entanto, não foram reactivados porque o anterior Governo de Naoto Kan impôs uma nova bateria de testes de resistência, nomeadamente, face a catástrofes naturais. Estas medidas de precaução foram tomadas por causa dos receios gerados aquando da catástrofe de Fukushima, depois do sismo e tsunami de 11 de Março de 2011.

Antes da decisão do Governo em reactivar estes dois reactores, as avaliações à segurança da central de Oi foram validadas pela Agência de Segurança Nuclear nipónica e por uma comissão de trabalho. Mesmo em caso de sismo e de tsunami, os reactores da central Oi não correm o risco de sofrer os mesmos danos que a central de Fukushima, disse Edano, garantindo que estão conformes aos novos padrões de exigência.

O ministro disse ainda que vai falar pessoalmente com os autarcas da região para os convencer a aceitar com confiança a reactivação dos reactores. Mas de momento, as populações estão muito cépticas.

O Japão tem um total de 54 reactores nucleares e, de momento, só um está a funcionar. Mas mesmo este será desactivado nas próximas semanas para manutenção.

“É difícil compreender por que razão o Governo insiste em reactivar os reactores”, escreve hoje o grande jornal diário japonês Mainichi Shimbun, no editorial, afirmando que são necessárias inspecções mais minuciosas.

“Estudos independentes mostram que não vai haver falta de energia” no Verão, reagiu Wakao Hanaoka, activista da organização Greenpeace no Japão. “Nem a indústria nuclear, nem o Governo estavam preparados para a catástrofe de Fukushima Daiichi e hoje querem considerar a central Oi segura, sem que tenham melhorado as medidas de segurança e de emergência”, acrescentou.

Para o jornal Asahi Shimbun, “não é certo que as populações aceitem o projecto”.

Hoje, a operadora da central de Fukushima, Tepco (Tokyo Electric Power Company) difundiu novas imagens que revelam a escala dos estragos num dos tanques de armazenamento de combustível usado, do reactor 3, um dos mais críticos. Uma das imagens mostra uma grua de 35 toneladas – usada para retirar barras de combustível da água de arrefecimento do tanque – caída dentro do tanque, depois de uma explosão a 14 de Março de 2011. Outra fotografia mostra uma estrutura metálica deformada, mergulhada dentro da água de uma bacia de desactivação, a uma profundidade de 11,8 metros.

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