Combustível do Costa Concordia já chegou à ilha de Giglio

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Uma plataforma de recuperação de combustível já está junto ao navio Darrin Zammit Lupi/Reuters

Uma mistura de fuelóleo, gasóleo e solventes começou a dar à costa da ilha de Giglio, no arquipélago da Toscânia, Itália, tornando realidade uma ameaça que se temia há duas semanas, a de um desastre ambiental no local onde encalhou o cruzeiro Costa Concordia. Sábado começará a “tarefa ciclópica” de remoção do combustível do navio.

Nas águas do mar foi detectada uma concentração de 2 a 3mg/litro de tensioactivos (substância presente nos detergentes), contra os habituais zero, segundo testes realizados pela agência de protecção do Ambiente da Toscânia, noticia a agência de notícias AFP. Este paraíso marinho regista agora níveis de tensioactivos semelhantes ao dos portos industriais como Marghera, perto de Veneza.

“A situação ainda é controlável mas é perigosa para uma zona que vive do turismo e da pesca”, disse o porta-voz da WWF (Fundo Mundial da Natureza) italiana, Gaetano Benedetto. “Esta é uma poluição concentrada e pontual. Não devemos cair no alarmismo mas chamar a atenção para o que pode acontecer neste ecossistema único”, acrescentou. Na região há pelo menos três zonas de grande interesse natural, especialmente importante para baleias e golfinhos. Além disso, Giglio é uma das sete ilhas que compõem o Parque Nacional do Arquipélago da Toscânia, que abriga animais e plantas únicas daquela região.

De momento ainda não há grandes certezas sobre aquilo que está dentro dos 23 tanques do navio cruzeiro, cujo acidente a 13 de Janeiro provocou pelo menos 16 mortos, havendo ainda 16 desaparecidos. O comissário responsável pela gestão da catástrofe, Franco Gabrielli, disse na quarta-feira que já pediu um relatório sobre o combustível que está no navio mas que a empresa proprietária ainda não o apresentou. “Não temos nenhuma avaliação precisa sobre o que lá está”, lamentou Benedetto.

De acordo com as informações oficiais estarão a bordo cerca de 2400 toneladas de fuelóleo e 200 toneladas de outros produtos, sobretudo gasóleo.

Tarefa “ciclópica” de remoção do combustível

No sábado deverá começar a operação de remoção do combustível do navio para outra embarcação, nas mãos da empresa holandesa Smit Salvage. A operação deverá durar entre 20 a 30 dias e, segundo os responsáveis, vai decorrer de dia e de noite, sem interrupções, se as condições meteorológicas o permitirem.

O presidente da empresa Costa Cruises, proprietária do Costa Concórdia, Pier Luigi Foschi, já considerou que esta é uma “tarefa ciclópica” e um “trabalho de grande complexidade”.

“Os melhores peritos mundiais estão aqui. Mas há a possibilidade de as condições meteorológicas se deteriorarem e de ocorrerem incidentes que nos impeçam de recuperar todo o combustível”, disse Angelo Gentili, da Legambiente, uma das maiores associações italianas de defesa do Ambiente.

Em caso de uma eventual catástrofe, 200 voluntários da Protecção Civil da província de Grosseto, de qual depende a ilha, estão prontos para intervir, anunciou o presidente da província, Leonardo Marras.

Seis peritos da União Europeia chegaram ontem a Giglio para “preparar um relatório sobre as lições a tirar desta tragédia, a fim de as partilhar com todos os países europeus”.

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