Cidade russa de Murom faz frente a central nuclear
“Não queremos um novo Tchernobil à nossa porta”, diz Elena Kolokoltseva, habitante de Murom, a cidade russa que decidiu fazer frente à construção de uma central nuclear.
Elena Kolokoltseva, de 38 anos, não está sozinha. Outros moradores, mas também cientistas, ecologistas e políticos opõem-se a um projecto de construção de uma central nuclear naquela região, conhecida pelos seus solos muito instáveis.
O terreno escolhido para a central Nijegorodskaïa situa-se em Monakovo, a 20 quilómetros de Murom (cidade a 300 quilómetros de Moscovo), numa zona onde se registam abatimentos de solo. Na borda de uma “cratera”, o cientista Oleg Kuzitchkin conta a história destes fenómenos na região. Por exemplo, “em 1959, os habitantes ouviram um ruído e instantes depois o solo subiu ligeiramente antes de se afundar”, lembra. “A construção de uma central provocará, sem dúvida alguma, alterações” geológicas, alerta.
A sua colega Nina Tchaïkovskaïa, responsável por um instituto regional especializado no estudo destes solos vai mais longe. “Já disse à minha família e amigos: se a construção começar, é melhor abandonar a cidade”.
Em Janeiro, o serviço nacional russo de vigilância tecnológica e nuclear Rostekhnadzor concedeu uma licença para preparar o terreno de Monakovo para a construção de uma central nuclear. O documento reconhece que o local é classificado com “perigosidade de primeiro grau” e preconiza uma monitorização durante um ano, sublinham ecologistas e autoridades locais.
Questionado pela agência AFP a 19 de Agosto, o Rostekhnadzor ainda não respondeu.