Equipa chega às Berlengas para construir ninhos de ave marinha

Foto
Cagarra observada ao largo da Fuzeta, no Algarve Vasco Célio

Uma equipa de seis voluntários chega hoje às zonas rochosas da ilha da Berlenga para recuperar e construir os ninhos da cagarra ou pardela-de-bico-amarelo, ave marinha com cerca de 250 casais.

“Ao longo dos anos em que temos monitorizado as colónias de cagarras apercebemo-nos que vários dos primeiros 60 ninhos artificiais, que foram colocados em 1999, estão a desmoronar-se”, contou esta manhã Joana Andrade, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), ao PÚBLICO.

Por isso, duas equipas com seis pessoas cada, estarão na colónia principal da ilha da Berlenga, a recuperar ninhos e a construir 40 novos. “Quando possível vamos usar rochas que estão ali perto e um pouco de cimento para consolidar ou então vamos recorrer a tábuas, com um molde de uma caixa de fruta, e pedras”, explicou a também coordenadora do projecto FAME (Future of the Atlantic Marine Environment) para Portugal.

Mas este é um trabalho “duro” para pouco tempo. Não há garantias de que seja possível atingir as metas. “Tudo vai depender de como os voluntários consigam trabalhar, em condições árduas”, admitiu Joana Andrade. A primeira equipa, com seis pessoas e dois coordenadores, será substituída na terça-feira pela segunda equipa, que regressa a 23 de Agosto.

Nesta altura do ano, as crias da cagarra (Calonectris diomedea) – chamada cagarro nos Açores – terão entre duas a três semanas e poderá haver ninhos ocupados. “Nesses casos, colocamos as crias num outro local, temporariamente, enquanto trabalhamos. É uma intervenção sem consequências para as aves”, garante a especialista.

As crias da cagarras são alimentadas pelos progenitores, que passam dias no mar, até finais de Setembro. Nessa altura, os pais começam as suas migrações para Sul e as crias, já mais desenvolvidas, ficam nos ninhos mais duas a três semanas. “Depois, quando já tiverem a plumagem completa, saem sozinhas dos ninhos, nas migrações.”

Actualmente, a maior ameaça a estas aves – classificadas com estatuto de Vulnerável pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005 - é a predação por ratos e gaivotas, que se alimentam de ovos ou de crias.

Estima-se que a população total de cagarra de todo o arquipélago das Berlengas, incluindo o ilhéu dos Farilhões, seja de 800 casais.

Sugerir correcção
Comentar