Governo retira melro da lista de espécies cinegéticas

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A caça ao melro estaria marcada para entre 1 de Novembro e 20 de Fevereiro Enric Vives-Rubio

O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, anunciou que retirou o melro da lista de espécies cinegéticas, revogando a portaria que permitia caçar esta ave.

De acordo com a Portaria n.º 147/2011, publicada em Abril em Diário da República, o melro poderia ser legalmente abatido durante as próximas três épocas de caça, por períodos marcados no calendário venatório entre 1 de Novembro e 20 de Fevereiro.

Uma decisão com a qual Daniel Campelo, novo secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, não concordou, pelo que mandou proferir um despacho que retira o melro da lista de espécies cinegéticas. “O melro nem sequer é uma questão para os caçadores que não fazem questão de o caçar. Acho que não fazia sentido manter esta ave na lista de espécies a caçar”, salientou ontem Daniel Campelo aos jornalistas, à margem de uma visita ao Parque Natural do Douro Internacional e citado pela agência Lusa. O governante acrescentou que quem fez a proposta pensou apenas “num lado do problema”.

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) contestou a possibilidade de caça ao melro e no início de Julho reuniu as suas razões numa carta que enviou à ministra com a pasta do Ambiente, Assunção Cristas.

A Federação Portuguesa da Caça (Fencaça) considerou que a permissão de caça a esta ave interessava mais aos agricultores do que aos caçadores, já que o aumento da população de melros em Portugal estará a causar estragos sobretudo ao nível de culturas como morangos, cerejas ou uvas. Jacinto Amaro, presidente da federação – que representa cem mil caçadores - disse recentemente ao PÚBLICO que “os caçadores não pediram a caça ao melro, é uma espécie que não tem aptidão nenhuma para nós. Não nos faz diferença”.

A Spea considera mesmo que o melro (Turdus merula) poderia ser considerado a Ave Nacional que Portugal ainda não tem – por causa da sua presença em todo o território e proximidade às pessoas – é “uma das espécies de aves mais enraizadas na cultura popular e afectiva dos portugueses, à semelhança da cegonha, do cuco ou das andorinhas”. Além disso, “não existem quaisquer estudos que mostrem que o melro causa dano em culturas agrícolas e que esses danos resultam em prejuízos para os agricultores”. Esta é uma espécie com populações estáveis ou com um aumento moderado e não é uma praga agrícola, salienta.

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