ONU considera clima uma ameaça à paz mundial

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Um protesto da Greenpeace com imagens em cartão de monumentos conhecidos Foto: Gerardo Garcia/Reuters

As alterações climáticas são uma ameaça real à paz mundial, reconheceu ontem, pela primeira vez, o Conselho de Segurança da ONU, referindo-se, por exemplo, à perda de território por alguns países devido à subida do nível do mar.

Há já quatro anos que o Conselho de Segurança da ONU não falava de Ambiente. "Fenómenos extremos são cada vez mais frequentes e intensos, tanto em países ricos como em países pobres. Devastam vidas mas também infra-estruturas, instituições e orçamentos financeiros", disse Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.

Achim Steiner, director-executivo do Pnua (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), comentou não existirem dúvidas hoje de que "as alterações climáticas têm implicações para a estabilidade e segurança globais aos níveis económico, social e ambiental. Esses efeitos transcendem a capacidade das nações, isoladas, para gerir os problemas".

A declaração oficial aprovada ontem pelo Conselho de Segurança da ONU expressa preocupação com os "efeitos adversos que as alterações climáticas poderão ter no agravamento das actuais ameaças à paz e segurança internacionais". Um dos exemplos referidos é a perda de território em alguns Estados, causada pela subida do nível do mar, segundo a declaração lida pelo embaixador Peter Wittig, da Alemanha, que este mês assegura a presidência rotativa do organismo.

Como resposta a esta ameaça, Ban Ki-moon pediu mais protecção das florestas, tecnologias e medidas de adaptação às alterações climáticas. "Temos de reconhecer que não existem espectadores quando se trata de garantir o futuro do nosso planeta", declarou o secretário-geral da ONU.

Ban Ki-moon pediu ainda uma fórmula política que garanta a continuidade da adesão dos países aos compromissos no âmbito do Protocolo de Quioto (que expira a 31 de Dezembro de 2012).

Oposição da Rússia

Segundo noticia hoje a BBC, a Rússia rejeitou a declaração que admite a ligação entre clima e paz mundial, mas acabou por aceitar um texto mais leve. Fontes diplomáticas ouvidas pela BBC deram conta de intensas negociações entre a Alemanha e a Rússia antes da aprovação da declaração.

O enviado russo, Alexandre Pankin, alegou que esta declaração era desnecessária. "Acreditamos que envolver o Conselho de Segurança numa análise sobre as alterações climáticas não trará nenhuma mais-valia e apenas vai gerar uma maior politização da questão e um aumento dos desacordos entre países", disse Pankin, citado pela BBC.

Opinião oposta teve a embaixadora norte-americana, Susan Rice, segundo a qual este organismo tem "uma responsabilidade essencial na resposta às implicações das alterações climáticas na paz e segurança". Além disso, considerou que todos os países devem pedir medidas.

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