Portugueses já gastam mais energia com os carros do que com a casa

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Transportes individuais já representam mais de metade do consumo de energia Pedro Cunha

Os hábitos de consumo de energia mudaram radicalmente na última década, revela o inquérito do INE. Portugueses já gastam mais energia nos transportes individuais do que no alojamento.

De acordo com os resultados preliminares do Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico, hoje divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de metade (51 por cento) do consumo de energia foi, em 2010, absorvido pelos veículos de transporte individual. É a primeira vez, nos inquéritos do INE, que este valor é superior ao consumo de energia no alojamento.

O inquérito ao consumo de energia tem apenas duas outras edições – 1989 e 1996. Desde então, escreve o INE, “registaram-se profundas alterações nos hábitos de consumo de energia em Portugal”. A principal é os portugueses terem passado a gastar mais energia com os carros do que com a casa.

Em 1989, apenas 21,8 por cento do consumo total de energia dizia respeito aos transportes e, em 1996, esse valor era de 38,4 por cento. No ano passado, ultrapassou os 50 por cento.

O gasóleo é o principal combustível consumido nos veículos de transporte individual, com um peso superior a 60 por cento, que compara com 16,5 por cento em 1989 e com 27,7 por cento em 1996.

Ainda assim, destaca o INE, é notório “um número mais reduzido de alojamentos com veículos a gasóleo, quando comparado com os que têm veículos a gasolina, o que significa uma inversão nas preferências do tipo de combustível utilizado quando comparado com os resultados das edições anteriores do inquérito”.

Um quarto dos lares ainda usa lenha

Relativamente ao consumo de energia no alojamento, a electricidade é a principal fonte utilizada, representando 44,1 por cento do consumo total de energia. Nos anos anteriores do inquérito, os valores eram bem inferiores: 15,9 por cento em 1989 e 27,5 por cento em 1996.

A lenha mantém-se a segunda principal fonte de energia, mas o seu peso está em queda. Enquanto em 1989, 60,1 por cento dos lares usavam lenha para satisfazer as suas necessidades energéticas (e 41,9 por cento em 1996), no ano passado só 24,2 por cento do consumo total recorreu a esta fonte energética.

De acordo com o INE, o consumo de fontes de energia renováveis (onde se inclui a lenha, o carvão e a energia solar térmica) no sector doméstico representa um quarto do consumo total de energia. A lenha é o que tem maior peso.

A cozinha é a divisão da casa que concentra mais de um terço dos gastos energéticos, seguindo-se o aquecimento de águas. Contudo, a fonte usada é diferente, visto que na cozinha é mais usada a electricidade, enquanto para aquecer as águas é mais usado o GPL.

Gás natural ganha peso

Os dados do INE mostram que o consumo de gás no sector doméstico também sofreu alterações, na sequência da introdução do gás natural em Portugal em 1997 e da expansão da distribuição deste tipo de energia no país.

Os resultados relativos a 2010 mostram uma “transferência da utilização do gás de cidade e do GPL para gás natural”, indica o INE.

Ainda assim, o GPL de garrafa surge como a terceira principal fonte de energia usada nos alojamentos, depois da electricidade e da lenha, representando 14 por cento do consumo total. O gás natural detém uma fatia de 9,3 por cento.

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