Estudo aponta para situação "preocupante" na gestão dos resíduos hospitalares

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O país produz por ano mais de 100 mil toneladas de resíduos hospitalares Foto: Nelson Garrido/arquivo

Várias unidades de saúde tendem a transportar resíduos nas horas de presença do público.

A situação em que se encontram as unidades de saúde em matéria de recolha e gestão de resíduos hospitalares é, em geral, "preocupante ou muito preocupante", concluiu a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) num estudo realizado em parceria com a Universidade do Minho.

Apesar de a taxa de resposta a este inquérito ser diminuta (apenas responderam 17,5 por cento das cerca de 8500 unidades prestadoras de cuidados de saúde públicas e privadas de Portugal continental), os autores do estudo defendem que é possível obter uma visão da situação. E o diagnóstico aponta para um desempenho "claramente deficiente" no que se refere aos riscos para os profissionais que manipulam os resíduos hospitalares e que se limitam, em grande parte dos casos, a usar só luvas.

Também o grau de risco a que as unidades de saúde expõem os utentes é objecto de crítica. Nas instituições públicas sobretudo, porque o transporte de resíduos tende aqui a ser efectuado durante as horas de presença do público e usando espaços comuns (corredores ou escadas) comuns aos utilizados pelo público, ao contrário do que sucede nas unidades privadas. Além disso, vários hospitais públicos e agrupamentos de centros de saúde que prestam cuidados domiciliários admitiram que deixam, com frequência, os resíduos no local de residência dos doentes.

Outra falha detectada tem a ver com o incumprimento dos prazos de envio dos resíduos para as unidades de tratamento. E muitas instituições reconhecem que não têm planos de contingência ou mapas de circuito interno dos resíduos hospitalares.

Também nas condições de armazenamento dos resíduos o quadro encontrado é "negativo". Foi detectada uma falta generalizada de equipamentos de refrigeração nos locais de armazenamento, que se revelam, assim, "locais inadequados e perigosos para quem neles entra ou permanece".

Considerando que este diagnóstico negativo é "uma consequência directa de um debilitado sistema de gestão de resíduos hospitalares", os autores do estudo apelam a um grande esforço de investimento em informação, sensibilização e formação dos profissionais directamente envolvidos na produção, recolha e tratamento destes materiais. "Muito esforço terá que ser desenvolvido para que a meta dos 100 por cento de unidades com planos de gestão preconizada no PERH 2010-2016 [Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente e pela Direcção-Geral da Saúde] seja alcançada", afirmam.

Portugal produz anualmente mais de 100 mil toneladas de resíduos hospitalares.

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