Um ano depois do desastre da BP, não é certo que a lição tenha sido aprendida

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Não existe um balanço definitivo do impacto ambiental do derrame Daniel Beltra/Reuters (arquivo)

Um ano depois da explosão na plataforma petrolífera da BP, que foi considerada a maior catástrofe ambiental na história dos Estados Unidos, as operações de limpeza prosseguem no Golfo do México. Segundo a NOAA, a agência americana que supervisiona os oceanos e a atmosfera, cerca de 100 quilómetros de linha costeira ainda acusam a presença moderada ou elevada de petróleo e bolas de crude aparecem ocasionalmente nas praias.

O turismo está lentamente a voltar, mas não existe um balanço definitivo do impacto ambiental do derrame, que se prolongou por três meses.

“Os acontecimentos de 20 de Abril de 2010 e a maré negra que se seguiu sublinham a ligação crítica entre o ambiente e a saúde económica do Golfo [do México]”, afirmou o Presidente Barack Obama num comunicado. “A minha Administração irá fazer tudo o que for necessário para proteger e restaurar as costas do Golfo”.

A companhia petrolífera BP prometeu estabelecer um fundo de 20 mil milhões de dólares para compensar pessoas afectadas pelo desastre. Mas até agora só pagou 3,8 mil milhões – apenas 176 mil das 500 mil pessoas que apresentaram queixa receberam indemnizações. Num tribunal federal de Nova Orleães, acumulam-se centenas de processos apresentados por donos de restaurantes, activistas ambientais e familiares dos 11 trabalhadores que morreram na explosão da plataforma. Alguns especialistas prevêem que o processo legal poderá prolongar-se por duas décadas.

Ainda não é certo que as lições tenham sido aprendidas. A indústria de exploração petrolífera tenta dar provas de que está preparada para lidar com um desastre semelhante. Foram criados novos sistemas de contenção de fugas de petróleo, que permitirão estancar derrames como este em menos tempo. As companhias de petróleo e gás anunciaram no mês passado a criação do Centro para a Segurança Offshore, instituto destinado a zelar pela segurança nas explorações petrolíferas, semelhante ao que é usado nas indústrias nuclear e química.

Mas as dúvidas de que a exploração se tenha tornado mais segura continuam. No último ano, o Congresso não aprovou qualquer legislação para impor restrições à indústria. Pelo contrário, na semana passada, a Câmara dos Representantes deu luz verde a uma lei que visa acelerar a autorização de novas plataformas, abrir novas áreas da costa do Atlântico e Pacífico à exploração e estabelecer uma nova quota de produção doméstica.

O objectivo, admitiu o presidente da comissão, o republicano Doc Hastings, é “acabar com a moratória” que a Administração impôs sobre a produção de petróleo no Golfo do México quando o desastre da BP sucedeu.

As razões têm a ver com a instabilidade no Médio Oriente – que fez subir os preços dos combustíveis nos EUA para níveis que não se viam desde 2008. Sempre que o preço da gasolina sobe, também cresce o apoio americano à exploração petrolífera costeira. Segundo uma recente sondagem da CNN, 69 por cento são a favor, uma subida de 20 pontos em relação a Junho do ano passado. Entre segurança e gasolina barata, os americanos preferem a segunda.

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