ONU alerta que buraco na camada de ozono sobre o Árctico atingiu níveis recorde

Foto
A camada de ozono registou uma perda de 40 por cento na região do Árctico Foto: David Cheskin/Reuters

O buraco na camada de ozono, que protege a Terra dos raios ultravioletas do Sol, atingiu níveis recorde esta Primavera por cima do Árctico, alerta hoje a Organização Mundial de Meteorologia. A situação explica-se pela persistência de substâncias nocivas na atmosfera e por um Inverno muito frio.

“As observações efectuadas a partir do solo e através de sondas instaladas em balõe, bem como dados de satélite, revelam que a camada de ozono registou uma perda de 40 por cento na região do Árctico entre o início do Inverno e o fim do mês de Março”, explica a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) em comunicado.

Já ontem, esta informação tinha sido avançada pela Agência Europeia Espacial (ESA).

“O recorde anterior de destruição do ozono era uma perda de cerca de 30 por cento durante um Inverno”, precisou a organização, sediada em Genebra.

O buraco de ozono registado pelos cientistas explica-se, segundo a OMM, pela “persistência na atmosfera de substâncias nocivas para este gás e por um Inverno muito frio ao nível da estratosfera, segunda grande camada da atmosfera terrestre, situada acima da troposfera”.

Na Antárctica, o buraco na camada de ozono é um fenómeno anual recorrente, durante o Inverno e Primavera, devido às temperaturas extremamente baixas na estratosfera. No Árctico, as condições meteorológicas variam muito mais de ano para ano e as temperaturas são mais altas do que sobre a Antárctida. Por essa razão, “alguns Invernos no Árctico registam quase nenhuma perda de ozono”, salienta a OMM.

A camada de ozono, a 25 quilómetros de altitude, é formada por uma molécula de três átomos de oxigénio que reflecte os raios ultra-violetas. As condições meteorológicas por cima do Árctico mantiveram uma massa de ar gelado por cima da região. Em Março, quando a luz do Sol começou atingir as latitudes mais a Norte do planeta, produziram gases a partir dos clorofluorcarbonetos (CFC) que destroem as moléculas de ozono em moléculas de hidrogénio. Os CFC, que eram utilizados para latas de spray, por exemplo, foram banidos no século passado no âmbito do Protocolo de Montreal, de 1987, mas vão permanecer na atmosfera durante mais algumas décadas até serem completamente degradados.

A OMM estima que, graças a esse protocolo, a camada de ozono por cima das regiões polares volte ao seu nível de antes de 1980 por volta de 2030. Por seu lado, indica ainda a organização, o buraco na camada de ozono que se forma todas as Primaveras por cima da Antárctida, é um fenómeno que deverá persistir até 2045-2060. No Árctico, o regresso à normalidade chegará, provavelmente, dez a 20 anos mais tarde.

A exposição aos raios ultravioletas pode causar, no ser humano, cancros da pele, cataratas e uma alteração do sistema imunitário. Algumas culturas e espécies de fauna marinha também podem ser afectadas.

Sugerir correcção
Comentar