OMS: não há risco fora do perímetro de segurança

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Medição de radiação na cidade de Fukushima Kyodo

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que não há risco de radiação excessiva para a população japonesa que vive fora do perímetro de segurança em torno da central nuclear de Fukushima 1. Para já, não há também risco fora do território japonês.

O representante da OMS na China, Michael O’Leary, refere, num comunicado citado pela agência Reuters, que “não há evidência, até agora, de dispersão internacional significativa [de radioactividade] a partir da central”. A OMS diz ainda que não há riscos de saúde para as pessoas que vivem fora de um raio de 30 quilómetros da central.

Segundo o ministro porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, os riscos de saúde limitam-se ao perímetro de 20 quilómetros em torno da central. Edano referiu hoje que os níveis máximos de radiação detectados ontem à noite para além deste limite foram de 0,33 milisieverts por hora – o que não levantaria problemas imediatos a uma pessoa que trabalhasse ao ar livre, durante vários dias.

O Governo mantém, no entanto, o aviso de que, num raio entre 20 e 30 quilómetros, as pessoas permaneçam em suas casas ou locais de trabalho. Yukio Edano disse que isto não significa que não se possa entrar ou sair desta zona, apelando a que se mantenha o abastecimento normal de mantimentos.

As afirmações do Governo e da Organização Mundial de Saúde surgem depois de notícias de que nas Filipinas tinham sido encerradas escolas com base em rumores sobre a propagação da radiação. Nesse país, estaria também a ser sugerido às pessoas que não andassem à chuva.

A OMS afirma que está em contacto permanente com o Governo japonês e com a Agência Internacional de Energia Atómica e pede para que não seja lançado o pânico sem necessidade.

Segundo Michael O’Leary, têm circulado rumores pela Internet e por mensagens de telemóvel onde se diz que uma nuvem radioactiva estaria a propagar-se por toda a Ásia. “Os governos e o público devem tomar medidas para conter estes rumores, que são danosos para a moral pública. A situação está a ser monitorizada de perto. Mais informações serão prontamente comunicadas caso o risco se torne mais abrangente”, disse O’Leary.

Esta manhã (madrugada em Lisboa), os funcionários de Fukushima tiveram de abandonar temporariamente o posto de comando da central, devido ao registo de um pico de radioactividade. Mas já regressaram, depois de se ter constatado que a leitura dos dados estava equivocada. Um helicóptero do exército japonês que sobrevoava o reactor 4 da central também foi afastado da zona.

Segundo os serviços de meteorologia japoneses, o vento está a empurrar a radiação para o Pacífico e não para Tóquio, como se chegou a temer ontem, lançando algum pânico na cidade.

A Reuters conta que muitas pessoas na China optaram por permanecer em casa mais tempo e fazer as refeições no local de emprego, para evitarem exposição ao ar livre. E em sites locais de micro-blogging, como o Weibo, muitos perguntam se devem tomar iodo (procedimento usado para evitar a fixação do iodo radioactivo na tiróide) ou usar máscaras. As farmácias têm recebido pessoas com as mesmas dúvidas.

Uns após os outros, os seis reactores da central Fukushima I, 250 quilómetros a norte de Tóquio, enfrentam uma série de avarias e acidentes desde o sismo e tsunami da passada sexta-feira, dia 11. Dos seis reactores da central, quatro registam problemas graves. Estas explosões fizeram disparar os níveis de radioactividade que - afirmaram ontem as autoridades - “poderão ter impacto na saúde humana” dentro do perímetro definido de 30 quilómetros em torno da central.

Notícia actualizada às 13h10
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