Mais de cem baleias morreram numa praia neozelandesa

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A maré só vai mudar dentro de dez a doze horas Foto: Department of Conservation/Reuters

Mais de cem baleias-piloto deram ontem à costa da ilha neozelandesa Stewart, apenas 48 ainda vivas. Mas porque havia poucas esperanças de conseguir devolvê-las ao mar, as autoridades decidiram proceder à eutanásia para evitar “sofrimento prolongado destes animais”.

As 107 baleias, do género Globicephala, foram encontradas na Baía Mason por dois turistas. Segundo o Departamento de Conservação da Nova Zelândia (DOC), dois técnicos seguiram de imediato para aquela ilha, a terceira maior do país – com cerca de 400 habitantes -, a 30 quilómetros da ilha do Sul.

“Quando lá chegaram, encontraram as baleias em águas muito pouco profundas, já na praia, com a maré a começar a recuar”, explica o DOC em comunicado. Mas a decisão foi eutanaziar os restantes 48 animais.

“Cerca de metade das baleias ainda estavam vivas quando chegámos”, disse Brent Beaven, gestor do programa da biodiversidade no DOC. “Mas rapidamente nos apercebemos que seriam precisas dez a doze horas até que conseguíssemos levá-las novamente para o mar. E tendo em conta o tempo quente e seco, muitas delas iriam morrer em breve”, acrescentou.

“Com apenas cinco pessoas no local e com a maré a recuar, havia poucas esperanças de manter estes animais vivos até que mais equipas de resgate chegassem até aqui para ajudar”, notou Beaven.

Para agravar a situação, foi lançado um alerta de tempestade para aquela pequena ilha, segundo Andy Roberts, gestor da área das Ilhas do Sul. “Estávamos preocupados porque iríamos pôr em risco a vida dos técnicos e voluntários se continuássemos aqui a tentar devolver as baleias ao mar”, comentou. “As condições do mar vão agravar-se muito durante a noite”.

“A eutanásia é uma decisão difícil de tomar mas foi tomada tendo em conta o bem-estar dos animais, para evitar sofrimento prolongado”, acrescentou Roberts. “Infelizmente, 48 baleias terão de ser mortas”.

Nas águas da Nova Zelândia já foram registadas 51 espécies de mamíferos marinhos, entre os quais 42 baleias e golfinhos e nove focas.

Todos os anos, o DOC responde a uma média de 85 incidentes de arrojamento de cetáceos na costa da Nova Zelândia. A maioria são animais solitários e as espécies que aparecem nas praias mais frequentemente são o golfinho-comum-de-bico-curto (Delphinus delphis) e o cachalote pigmeu (Kogia breviceps). Até à data, o incidente de maior dimensão aconteceu em 1918, quando mil baleias deram à costa nas ilhas Chatham.

Ainda assim, os cientistas não conseguem explicar por que razão as baleias dão à costa. Este acontecimento é considerado um "fenómeno natural" que acontece há milénios mas que "ainda não está completamente explicado", segundo o DOC. Entre as razões possíveis estão perturbações nos sistemas de orientação das baleias, fenómenos climatéricos extremos e problemas de saúde.

Notícia actualizada às 14h46
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