Japão manda regressar baleeiros que caçam na Antárctida

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Até à suspensão da actividade, tinham sido já caçadas 170 baleias Foto: Issei Kato/Reuters

A frota de navios japoneses que caça centenas de baleias por ano na Antárctida todos os anos vai voltar mais cedo para casa este ano, devido à perseguição que tem sido alvo de embarcações ambientalistas.

O anúncio foi feito hoje pelo ministro das Pescas do Japão, Michihiko Kano. O Japão já tinha suspendido, esta semana, a caça à baleia, em função dos bloqueios feitos por embarcações da organização não-governamental Sea Shepherd, que há alguns anos tenta impedir a actividade, através da acção directa contra os navios baleeiros. Agora, a frota japonesa desistiu oficialmente da caça este ano e vai regressar à casa.

“Tornou-se difícil garantir a segurança da frota”, disse o ministro Michihiko Kano, citado pela agência Reuters. “Não temos outra alternativa senão a de terminar mais cedo a nossa investigação”, completou.

A caça comercial à baleia está sob uma moratória mundial desde 1986. Mas a convenção internacional que regula a actividade permite a caça para fins científicos. É com este argumento que o Japão captura centenas de baleias todos os anos, embora a sua carne depois seja consumida no país – que tem uma longa tradição baleeira. Na última temporada (2008/2009), os japoneses caçaram 1004 baleias, a maior parte baleias-anãs, na Antárctida (680).

Nessa região, a temporada de caça vai de Dezembro a Março. Este ano, a frota era composta de quatro navios, envolvendo 180 pessoas. Até à suspensão da actividade, tinham sido já caçadas 170 baleias.

A organização Sea Shepherd saudou a decisão do Japão como uma vitória. “Não fizemos nada muito diferente, mas chegámos lá cedo e os interceptámos e perturbámos ainda antes que começassem [a caçar]”, disse Jeff Hansen, dirigente da organização, citado pela Reuters.

“Vamos permanecer no Oceano do Sul e, se eles regressarem na próxima temporada, estaremos lá para os escoltar para o Norte”, completou.

Utilizando um navio rápido e semi-rígidos, a Sea Shepherd tenta bloquear directamente a frota japonesa, abordando fisicamente as suas embarcações. Um dos seus dirigentes foi condenado, por um tribunal do Japão, a uma pena suspensa de dois anos de prisão, por ter invadido um baleeiro japonês . No ano passado, a principal embarcação da organização afundou, depois de embater contra um navio japonês. Este ano, a Sea Shepherd ressurgiu com um novo navio.

A organização ambientalista Greenpeace acredita que por detrás da decisão do Japão em suspender a caça este ano estará o facto de o país ter grandes “stocks” de carne de baleia já acumulados.

A caça à baleia tem sido alvo de um prolongado debate internacional, com alguns países, sobretudo o Japão, a defender o fim da moratória de 1986. Entre os países que defendem a moratória, como Portugal, há quem prefira autorizar algumas quotas da caça comercial da baleia para certas comunidades do Japão, em troca do fim da caça científica, argumentando que esta solução seria ambientalmente melhor. Outros porém, rejeitam o fim da moratória.

No ano passado, a Austrália entrou com um processo no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, para impedir a caça científica praticada pelos japoneses. Uma decisão não deverá ser tomada antes de 2013.

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