Alterações climáticas podem estar na origem da ascensão e queda do Império Romano

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A equipa procurou perceber como é que o clima afectou os anéis de crescimento de árvores vivas durante os últimos séculos Foto: Fabrizio Bensch/Reuters

Um estudo intensivo aos anéis de crescimento das árvores, nomeadamente carvalhos, publicado na revista “Science”, revelou que pode haver uma ligação entre a ascensão e queda de civilizações e as súbitas alterações climáticas.

O estudo, divulgado pela BBC, foi realizado por uma equipa de investigadores que baseou as suas pesquisas em nove mil artefactos de madeira dos últimos 2500 anos.

De acordo com a BBC, os investigadores descobriram que os períodos quentes e húmidos coincidiram com épocas de prosperidade, enquanto os períodos de tumulto político ocorreram em fases de instabilidade climática.

“Olhando 2500 anos para trás, há exemplos de mudanças climáticas que tiveram impacto na história humana”, disse à “Science” o co-autor do estudo, Ulf Buntgen, paleoclimatólogo do Instituto Federal Suíço de Investigação em floresta, neve e paisagem.

A equipa procurou perceber como é que o clima afectou os anéis de crescimento de árvores vivas durante os últimos séculos, tendo constatado que durante as boas épocas de crescimento, quando a água e os nutrientes abundam, as árvores formam grandes anéis com bastante espaço entre eles. Por outro lado, em condições adversas, como em alturas de seca, os anéis crescem com uma formação mais apertada.

Com estes dados, os investigadores procuraram depois traçar um padrão climático anual através dos anéis preservados nos artefactos.

A partir do momento em que criaram uma cronologia, os investigadores identificaram um elo de ligação entre os picos de prosperidade em sociedades antigas, como o Império Romano.

“Verões quentes e húmidos coincidiram com os períodos de prosperidade medieval e no Império Romano. O aumento da instabilidade climática entre os anos 250 e 600 coincidiram com o desaparecimento do Império Romano e com o período das migrações”, adianta o estudo.

“Distintos períodos de seca durante o terceiro século aconteceram paralelamente com um período de profunda crise do Império Romano a ocidente, marcado por uma invasão dos bárbaros, agitação política e perturbações económicas em várias províncias da Gália”, acrescenta.

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