Carlos Pimenta desafia políticos a rever PDM para garantir eficiência energética

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Carlos Pimenta lembrou que Portugal importa mais de 80 por cento da energia que consome PÚBLICO (arquivo)

O ex-secretário de Estado do Ambiente e da Energia, Carlos Pimenta, desafiou hoje os governos a “terem coragem” para rever os Planos Directores Municipais (PDM) de forma a garantir a eficiência energética.

“Os carros podem ser eléctricos, as casas podem ser eficientes, mas se houver milhares e milhares de pessoas concentradas na mesma zona, com a construção de mais casas e condomínios, originando mais custos em infra-estruturas e mobilidade, para que é que servirão as outras medidas’?”, questionou Carlos Pimenta, perante algumas dezenas de alunos do Instituto Superior Técnico.

O ex-secretário de Estado discursava no âmbito de uma conferência organizada pela JSD, subordinada ao tema “A Estratégia Energética em Portugal - Produção Sustentável, Consumo Eficiente e Desenvolvimento”.

“Se não houver um Governo que tenha coragem de rever isto, não haverá solução”, acrescentou o ex-governante, que no início da intervenção tinha alertado a plateia para o facto de Portugal importar “mais de 80 por cento da energia” que consome. A este respeito, o orador alertou que a quantidade de energia que Portugal necessita para produzir uma camisa, por exemplo, é muito superior quando comparada com o resto da Europa. “A consequência é óbvia: os custos da produção são maiores, logo os salários dos trabalhadores são mais pequenos”, disse, acrescentando que a dependência energética dos portugueses e o consumo registado, associado ao aumento do preço do petróleo, tem como consequência o aumento do custo da energia.

“Se a isto juntarmos a desvalorização do euro, a Europa corre o risco de ver o preço da sua energia aumentar bastante, como já está a acontecer”, advertiu, referindo ainda a recessão económica que afecta alguns países europeus.

Ao longo da sua intervenção, Carlos Pimenta declarou que os atentados ambientais registados nos últimos anos são incompatíveis com “um planeta habitável”, destacando ainda os efeitos imprevisíveis que os mesmos provocarão.

“Basta ver o que aconteceu com a emissão de umas partículazitas de cinzas vulcânicas. A Europa parou”, disse, sublinhando a necessidade de se “evitar catástrofes anunciadas”.

Também um outro ex titular da secretaria de Estado da Energia, Eduardo Oliveira Fernandes, advertiu para a importância da implementação de políticas públicas destinadas a garantir a eficiência energética, argumentando que a Terra “não suporta esta utilização intensiva dos recursos naturais”.

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