Maré negra: Obama fala numa catástrofe “talvez sem precedentes”

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Obama prevê que esta catástrofe se prolongue por muito tempo Larry Downing/Reuters

O Presidente Barack Obama disse ontem que a maré negra, que já chegou ao Luisiana, é uma catástrofe “talvez sem precedentes”. A cúpula de confinamento deverá ser colocada no fundo do mar dentro de seis ou oito dias, segundo a BP.

“Penso que os americanos já se deram conta, especialmente as pessoas que vivem aqui, que estamos a ser confrontados com uma catástrofe ecológica que talvez não tenha precedentes”, declarou Obama em Venice, uma das comunidades costeiras mais ameaçadas pela maré negra causada pela explosão de uma plataforma petrolífera a 20 de Abril.

“Enquanto Presidente dos Estados Unidos, não pouparei esforços para responder a esta crise”, prometeu, salientando que esta catástrofe deverá a “prolongar-se por muito tempo” e a “ameaçar os meios de subsistência de milhares de americanos”.

Obama defendeu a sua administração, criticada pela lentidão na sua reacção. “O Governo federal lançou e coordenou uma intervenção onde todos os agentes estão envolvidos, sem descanso, desde o primeiro dia”.

O Presidente apontou o dedo ao grupo britânico BP, que explorava a plataforma Deepwater Horizon, estrutura localizada a 70 quilómetros do litoral da Luisiana. Todos os dias, as fugas na plataforma, que se afundou a 22 de Abril, libertam no mar cerca de 800 mil litros de petróleo. “As coisas devem ficar bem claras: a BP é a responsável por esta fuga. A BP vai pagar por isso”, disse aos jornalistas.

Cúpula de confinamento deverá ser colocada dentro de seis a oito dias

A companhia britânica trabalha em três frentes para tentar conter a fuga. Seis robôs submarinos tentam fechar a válvula de segurança dos poços, que pesa 450 toneladas. Além disso, começou a furar os poços de emergência para reduzir a pressão e injectar um produto para selar, definitivamente, as fugas. A primeira operação fracassou e a segunda poderá levar três meses.

A terceira coisa que a BP está a fazer é fabricar uma enorme cúpula de confinamento, com 70 toneladas, para colocar no fundo do mar a tapar a saída dos poços. Ontem, o presidente da BP americana, Lamar McKay, disse que a estrutura está “quase terminada” e que deverá “ser colocada, sem dúvidas, dentro de seis ou oito dias”.

Enquanto isso, o tempo passa. No pior dos cenários, os poços podem libertar até 16 milhões de litros por dia, advertiu à CNN o almirante Thad Allen, coordenador das operações.

McKay informou que o acidente na plataforma se deveu a uma “peça de equipamento defeituosa” mas acrescentou que os responsáveis da BP desconhecem a razão deste mau funcionamento.

Mau tempo dificulta trabalhos no mar

Ventos fortes e um mar alteroso condicionam o trabalho dos navios que tentam conter a mancha negra que já se estende por mais de 200 quilómetros de comprimento. Os aviões que deveriam libertar produtos químicos dispersantes não têm ordens para levantar voo.

As últimas previsões da agência de meteorologia NOAA indicavam que o petróleo está prestes a chegar às ilhas da Chandeleur, uma região desabitada mas que serve de refúgio natural para pelicanos, gaivotas e patos.

Ontem, as autoridades americanas impuseram uma interdição à pesca durante um mínimo de dez dias na zona afectada pela maré negra. Esta zona situa-se “entre as águas do estado do Luisiana, o delta do Mississípi, e as águas da baía de Pensacola, na Florida”.

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