Estudo científico revela que a água do Alqueva é tóxica

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A presença de níveis perigosos de insecticidas no rio pode representar perigo para a saúde PÚBLICO

A água do Alqueva está contaminada por insecticidas e pesticidas, cuja concentração ultrapassa os limites europeus e pode ameaçar a saúde humana, revela um estudo de um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro. Estes concluem ser necessário "estabelecer planos de monitorização do Alqueva adequados às várias utilizações da água da albufeira".

De acordo com o estudo científico a que a Lusa teve acesso, foi detectada "a presença de níveis perigosos de insecticidas no Rio Guadiana e que podem representar perigo para a saúde humana".

O estudo foi realizado por investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, em colaboração com outros colegas portugueses, e destinava-se a determinar os efeitos dos pesticidas presentes na água do Rio Guadiana sobre organismos aquáticos.

Nas amostragens feitas em alguns pontos da albufeira do Alqueva, a soma da concentração de pesticidas estava "acima de 0.5 æl/L, o que pode representar algum perigo para a saúde humana, de acordo com a Directiva 98/83/EC relativa à qualidade da água destinada ao consumo humano".

"Em termos ambientais, os autores salientam o facto de vários pesticidas (atrazina, simazina, terbutilazina e endosulfan) terem sido encontrados acima dos limites individuais estabelecidos pela Directiva 2008/105/CE para as normas de qualidade ambiental no domínio da política da água", refere o trabalho científico.

As amostras, recolhidas ao longo de 2006, foram analisadas para estudar as concentrações de pesticidas em solução e foram usadas em testes com algas e invertebrados aquáticos para determinação da sua toxicidade.

Entre os herbicidas estudados, vulgarmente aplicados em campos agrícolas, foi incluido o insecticida clorpirifos e os herbicidas atrazina e simazina, que figuram na listagem da União Europeia para substâncias prioritárias (Decisão n.º 2455/2001/CE) e que podem levar à contaminação de solos e também de águas subterrâneas ou sistemas de água doce, através de escorrências.

Nalguns casos em que as concentrações se encontravam abaixo dos níveis de perigosidade indicados pela legislação europeia, "observou-se níveis de toxicidade elevada para algas testadas".

Os autores do estudo, Joanne Rodríguez Pérez, Susana Loureiro, Salomé Menezes, Patrícia Palma, Rosa Fernandes, Isabel Barbosa e Amadeu Soares, recomendam "que seja prestada atenção ao facto de os valores máximos permitidos para os pesticidas individuais e para a soma de pesticidas não ter em consideração os efeitos da mistura dos químicos que podem, por exemplo, ser potenciados".

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